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O CRIME QUE CHOCOU O PAÍS

Vereadora do PSOL, Marielle Franco é morta a tiros no Rio de Janeiro

Marielle Franco, vereadora do PSOL
 (Foto: Reprodução/Facebook)


A vereadora Marielle Franco foi morta a tiros dentro de um carro na Rua 
Joaquim Palhares, no bairro do Estácio, na Região Central do Rio, por 
volta das 21h30 desta quarta-feira (14). Além da vereadora, o motorista
do veículo, Anderson Pedro Gomes, também foi baleado e morreu. 
Uma outra passageira, assessora de Marielle, foi atingida por estilhaços. 
A principal linha de investigação da Delegacia de Homicídios é execução.

Segundo as primeiras informações da polícia, bandidos em um carro 
emparelharam ao lado do veículo onde estava a vereadora e dispararam. 
Marielle foi atingida com pelo menos quatro tiros na cabeça. 
A perícia encontrou nove cápsulas de tiros no local. Os criminosos 
fugiram sem levar nada.

A passageira atingida pelos estilhaços foi levada para o Hospital Souza 
Aguiar e liberada. Em seguida, ela foi levada para prestar depoimento na 
DH.

Marielle havia participado no início da noite de um evento chamado  
"Jovens Negras Movendo as Estruturas", na Rua dos Inválidos, na Lapa.

No momento do crime, a vereadora estava no banco de trás do carro, no 
lado do carona. Como o veículo tem filme escuro nos vidros, a polícia trabalha 
com a hipótese de os criminosos terem acompanhado o grupo por algum 
tempo, tendo conhecimento da posição exata das pessoas. 
O motorista foi atingido por pelo menos 3 tiros na lateral das costas.

A polícia buscará imagens de câmeras da região para determinar o trajeto
do carro e desde onde ele passou a ser seguido. 
O local exato do crime fica quase em frente a um posto do Detran, que na
hora estava fechado. Do outro lado da rua há uma concessionária que 
também estava fechada.

Em nota, o Secretário de Estado de Segurança, Richard Nunes, disse 
que determinou ampla investigação e que a acompanha junto com o 
chefe de Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, o andamento do caso.

O deputado estadual do PSOL Marcelo Freixo disse que o crime é
"inadmissível". "A gente vai cobrar com rigor, todas as características 
são de execução. 
Evidente que vamos aguardar todas as conclusões da polícia, cabe à 
polícia fazer a investigação, mas a gente, evidentemente, não vai nesse 
momento aliviar isso. As características são muito nítidas de execução, 
queremos isso apurado de qualquer maneira, o mais rápido possível", 
afirmou ele. Freixo disse que a vereadora nunca tinha sofrido nenhuma 
ameaça.

O corpo de Marielle será velado na Câmara dos Vereadores a partir 
das 11h desta quinta-feira (15).

"Quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe?"

Uma dia antes de ser assassinada, Marielle reclamou da violência na 
cidade, no Twitter. No post, ela questionou a ação da Polícia Militar.

"Mais um homicídio de um jovem que pode estar entrando para a conta
da PM. Matheus Melo estava saindo da igreja. Quantos mais vão 
precisar morrer para que essa guerra acabe?"

Na mesma rede social, Marielle chamou o 41° BPM de "Batalhão da morte", 
no sábado (10). "O que está acontecendo agora em Acari é um absurdo! 
E acontece desde sempre! O 41° batalhão da PM é conhecido como 
Batalhão da morte. CHEGA de esculachar a população! CHEGA de 
matarem nossos jovens", escreveu ela.

Autoridades, políticos, partidos e entidades lamentam morte

Autoridades e parlamentares de diferentes vertentes políticas do Rio 
divulgaram notas de pesar pela morte da vereadora do PSOL. O 
ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, disse que falou 
com o interventor federal no estado e colocou a Polícia Federal à 
disposição para auxiliar em toda a investigação. O prefeito do Rio, 
Marcelo Crivella, e os governos estadual e federal também se 
pronunciaram.

Crivella lamentou o "brutal assassinato" e lembrou a "honradez, 
bravura e espírito público" da vereadora. "É assim que hoje anoitece
a cidade desolada e amargurada pela perda de sua filha inesquecível
e inigualável. Que Deus a tenha!", disse o prefeito.

O governador Pezão ressaltou a luta de Marielle contra as
desigualdades e violência: "Acompanho, com as forças federais e
integradas de Segurança, a apuração dos fatos para a punição 
dos autores desse crime hediondo que tanto nos entristece", afirmou.

Em nota, o governo federal informou que vai acompanhar toda a
apuração do assassinato da vereadora e do motorista.

Trajetória

Marielle tinha 38 anos e se apresentava como "cria da Maré". 
Ela foi a quinta vereadora mais votada do Rio nas eleições de 2016, 
com 46.502 votos em sua primeira disputa eleitoral.

Socióloga formada pela PUC-Rio e mestra em Administração Pública 
pela Universidade Federal Fluminense (UFF), teve dissertação de 
mestrado com o tema “UPP: a redução da favela a três letras”. 
Trabalhou em organizações da sociedade civil como a Brasil Foundation
e o Centro de Ações Solidárias da Maré (Ceasm). 
Coordenou a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania 
da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), ao lado de Marcelo
Freixo.

Fonte: G1

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