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SAFADÃO CANCELA SHOWS

Hérnia de disco: entenda como a doença levou Wesley Safadão a cancelar shows

Cantor suspendeu agenda de shows por sentir dores até para respirar. Médico afirma que descanso não é orientação mais indicada a pacientes.

Wesley Safadão afirmou sentir dores em pé ou deitado devido à doença. — Foto: Romilson Salles/Divulgação

A hérnia de disco é uma doença que tem atingido cada vez mais a população jovem. Conhecida por gerar muitas dores e levar até a problemas de incontinência, a condição foi o que levou o cantor cearense Wesley Safadão a suspender seis shows neste fim de semana. A agenda do artista será retomada após alta médica.

O g1 conversou com o médico ortopedista Alberto Alves sobre o assunto. Conforme o profissional, especialista em cirurgia minimamente invasiva na coluna vertebral e pesquisador pela Universidade Federal do Ceará (UFC), a hérnia de disco é consequência de uma doença degenerativa dos discos intervertebrais.

Esses discos são formados como se fossem uma gelatina, com colágeno e água em seu interior, e funciona como amortecedores localizados entre as vértebras da coluna. "Com o passar do tempo, ele sofre essa desgaste, o conteúdo sai e, com isso, pode comprimir um nervo", explicou o profissional.

Quando a compressão do nervo ocorre, o paciente pode ter uma dor que desce pelas pernas. Nesse caso, a pessoa acometida pode ter:

sensação de formigamento;

queimação;

ardência.

Conforme o médico, quando a dor ocorre numa linha de disco mais baixa na coluna, a doença pode acometer o nervo ciático e dar essa dor descendo por trás da coxa, pegando a perna e, por vezes, o pé.

Na falta de compressão desse nervo, o caso não se trata de uma hérnia, mas, sim, de uma doença de disco. Nesse caso, o paciente sente uma dor na lombar ou meio da coluna, esta descrita por Alberto Alves como uma dor discogênica.

Principais causas

O ortopedista afirmou que a hérnia de disco é predisposta por questões genéticas, mas também pode surgir por fatores comportamentais, ambientais e laborais. "Com o home office, a gente vê um desgaste maior desses discos, pois as pessoas ficam muito tempo sentadas", apontou. Ele acrescenta que o processo de desgaste de discos ocorrerá "de uma forma ou de outra", pois é natural do envelhecimento.

No entanto, os problemas nos discos intervertebrais não necessariamente ocorre apenas com idosos. "Está cada vez mais prevalente hoje. Antes, era mais prevalente na população idosa ou em adultos mais velhos, de 50, 60 anos. Só que a gente tá vendo cada vez mais precocemente, em pacientes mais jovens".

Ainda segundo o profissional da saúde, pessoas mais novas que são acometidas pela doença podem ter dores a partir de uma fraqueza na musculatura do core, na região lombar. "O core é uma espécie de caixa formada pelas musculaturas abdominais, paravertebral e glútea, que estabilizam a coluna", explicou, incluindo que esse conjunto absorve grande parte dos impactos e sobrecarrega menos os discos.

Embora não tenha acompanhado Wesley Safadão, o médico acredita que o caso do cantor pode ser uma predisposição genética associada à falta de fortalecimento da região. "Isso não é receita de bolo; a pessoa pode fazer fortalecimento e desenvolver ainda assim".

Possíveis complicações

Alberto Alves alertou que a hérnia de disco, se não tratada, pode causar complicações severas. "Quando ela está muito volumosa, ela comprime o nervo a ponto de a pessoa ter uma paraplegia, uma falta de força num membro acometido", o que pode gerar dificuldades de locomoção.

Contudo, casos mais graves podem acarretar o que o médico descreveu como síndrome da causa equina. A condição, além dos problemas no andar, faz o paciente ter dificuldade de controlar a urina e às vezes. "É como se a pessoa tivesse uma incontinência associada a uma dormência na região do períneo. É um caso avançado, mais drástico".

Descanso não é tratamento

O profissional da saúde declarou que a população tem um "ledo engano" de que, em caso de dor na coluna, o repouso é o mais indicado.

"Isso não existe. Quando você está deitado, a musculatura está em repouso. Então ela deixa de ser fortalecida e tende a atrofiar mais, aí piora a dor".

Esse processo é chamado pelo médico de liposubstituição, o que ocorre quando a musculatura não é utilizada. Assim, o tecido muscular — cujo fortalecimento é essencial para alívio das dores na coluna — não é trabalhado, tendendo a se transformar em gordura.

Por isso, de acordo com o ortopedista, o descanso deve ser curto, de no máximo dois dias, no período agudo da dor. "Depois disso, o paciente tem que reabilitar; se passar muito tempo deitado, a musculatura tende a desgastar mais, e a dor, a aumentar".

Como cuidar

O ortopedista afirmou que o tratamento para a hérnia de disco é prioritariamente clínico. Em razão disso, o paciente é tratado com base em três pilares:

medicação para alívio da dor;

fisioterapia analgésica e anti-inflamatória;

fortalecimento muscular da região afetada.

Para realizar o fortalecimento, há alternativas como pilates, exercícios funcionais — com profissionais de educação física orientados para tal — e atividades como hidroginástica ou hidroterapia, voltadas principalmente a idosos em razão da restrição de peso nas articulações.

Se, num intervalo de 12 semanas, o paciente tiver piora acentuada da dor ou falta de força, uma cirurgia é recomendada pelo profissional. A intervenção pode ocorrer, também, se a pessoa não obtiver resposta geral com o tratamento clínico.

"Cerca de 80% dos pacientes respondem ao tratamento não cirúrgico, chamado conservador", ressaltou, complementando que a orientação médica, nos casos de dores frequentes na coluna, é de que a pessoa busque um ortopedista especialista em coluna vertebral. "Quando ele é refratário e não é encaminhado, já chega em estado grave".

Fonte: G1

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