Brasileiros estão consumindo mais frango
Foto: Harry Dona/Pexels
Em 24/11/2022 às 10:50
Algumas mudanças econômicas nacionais e globais afetaram o consumo de carne dos brasileiros nos últimos anos. As projeções indicam que a preferência pela carne de frango continuará em alta no país nos próximos anos.
Um dos fatores que impactou a mudança na alimentação dos brasileiros foi a pandemia. Considerando o período de 2019, na pré-pandemia de COVID, até 2021, a queda no consumo da carne bovina foi de 9,2% no Brasil. Isto porque o valor do produto teve uma subida considerável. Mas não foi apenas a pandemia que levou os brasileiros a um menor consumo da carne bovina. Vale lembrar que em 2019 o país bateu recorde na quantidade de pessoas desempregadas há pelo menos dois anos, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Naquele ano, a taxa de pessoas sem emprego chegou a 11,7%. Deste percentual, 27,5% dos desempregados estavam há pelo menos dois anos procurando emprego. Em 2018, a taxa de brasileiros sem trabalho chegou a 12%, e deste total 26,8% estavam à procura de emprego há pelo menos dois anos.
Além da pandemia e do desemprego, o Brasil enfrentou a alta da inflação. No ano de 2021, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), afirmou que a inflação de janeiro a setembro daquele ano era quase o dobro da registrada em todo o ano de 2019. O percentual, considerando os doze meses de 2019, foi de 4,31%, enquanto que, ao considerar janeiro a setembro de 2021, o valor passou para 6,90%.
O conjunto de todos esses dados resultou no aumento considerável da carne, principalmente a bovina, levando os brasileiros, que já enfrentavam o desemprego e menor poder de compra, a buscarem alternativas mais baratas para continuarem a consumir proteína. Dados divulgados pela Abras (Associação Brasileira de Supermercados) revelam que o consumo de carne bovina caiu 9,2% de 2019 a 2021, no entanto, no mesmo período, o consumo de carne suína aumentou 9,2%. No caso da carne de frango, o consumo foi 6,6% maior, bem como os ovos, que tiveram 10,9% de alta de consumo. Ainda segundo a Abras, o consumo de carne de frango, por pessoa, no ano de 2019 era de 42,8 quilos e em 2021 esse valor subiu para 45,6 quilos. A carne bovina, que sofreu queda de consumo, passou de 30,6 quilos consumidos por pessoa em 2019 para 27,8 quilos em 2021. Considerando o mesmo período, a carne suína foi de 15,3 quilos a 16,7 quilos consumidos por pessoa.
Dois estudos revelaram um resultado muito semelhante: o desejo do brasileiro em voltar a consumir mais carne bovina. De acordo com um levantamento solicitado pela Apas (Associação Paulista de Supermercados) à consultoria Shopper Experience, um dos itens que os brasileiros gostariam de adquirir na Black Friday é a carne. Um estudo da Asserj (Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro) em agosto deste ano mostrou que a carne e o leite foram os principais itens que os beneficiados pelo Auxílio Brasil deixaram de comprar e desejavam retomar o consumo quando o valor do benefício passasse a ser de R$600.
O aumento do valor da carne bovina trouxe cenários lamentáveis para o Brasil. O mais impactante provavelmente foi o registro de filas de pessoas esperando para receberem doações de ossos de boi, pois não teriam condições de comprar nenhum tipo de proteína animal para garantir a refeição familiar.
Ainda que o preço da carne tenha retrocedido um pouco, a carne de frango segue como a mais consumida pelos brasileiros. Isto porque ela é a mais barata entre as proteínas animais e, quando ocorre a alta da inflação, ela é um pouco menos afetada do que as carnes bovina e suína. Outro fator que impulsiona o consumo de frango está ligado às religiões que fazem restrições a outros tipos de carne, como a bovina e a suína. A previsão, conforme dados da USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), é de que ao final de 2022 a carne de frango represente 51% da proteína animal consumida no Brasil.
Com preços que se adaptam melhor ao bolso dos brasileiros, a carne de frango se consolida como a preferida e deve seguir nesta posição por mais alguns anos.
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Por Agência Miséria
Miséria.com.br
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