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Apagão nacional

Redução na geração de energia no Ceará após apagão pode aumentar custos; entenda

Foto: Freepik


Dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS)  responsável pelo controle do sistema brasileiro de energia  mostram que o Ceará reduziu a produção de energia eólica e solar um dia após o apagão nacional de 15 de agosto.

No último dia 16, o Estado registrou geração média diária de 223MW, uma queda de 936MW na comparação com o dia 14 de agosto (antes do blecaute), quando foi assinalada produção de 1.159MW nas duas matrizes energéticas.

As usinas solares foram as mais impactadas com a redução. Um dia antes do apagão, o Ceará registrou geração de 220MW. Já um dia após o blecaute, o Estado gerou apenas 9MW na matriz solar.

No dia do apagão, o Estado também assinalou queda na produção de energia (ver dados abaixo). Contudo, a geração começou a ser retomada a partir do dia 18.

MAS QUAL O IMPACTO DESSA REDUÇÃO PARA OS CONSUMIDORES?

Nesse contexto, a conta do apagão nacional pode chegar para o consumidor brasileiro a partir de setembro. Como após o blecaute o ONS limitou o envio de energias solar e eólica do Ceará e de outros estados do Nordeste para o País, foi necessário compensar essa redução de produção com as hidrelétricas e térmicas.

Para especialistas, o acionamento das termelétricas fontes de geração mais caras  pode pressionar o aumento de custo do serviço no País, inclusive uma mudança tarifária.

O consultor de energia e secretário executivo de Energia e Telecomunicações, Adão Muniz Linhares, enfatiza que a produção solar e eólica não foi a causadora do apagão.

“O sistema não acompanhou a variabilidade de carga, que começa pela manhã. Não há justificava para a não geração de energia intermitente. É o sistema que tem que se adequar à energia. Não é por conta de uma fragilidade dele que se desliga e deixa uma série de parques parados”, diz.

“É um prejuízo para quem tem contratos gerando energia eólica e solar, que era para estar produzindo. Essa produção acaba sendo substituída por térmicas, e o consumidor vai pagar mais”, avalia.

Adão pondera, contudo, não ser possível estimar se essa compensação virá por meio de bandeira tarifária.

Já o consultor da área de energia da Federação de Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Jurandir Picanço, acredita que não haverá custo para o consumidor. “Já fizeram a retomada da produção. Se a medida fosse mantida, evidentemente teria impacto”, observa.

"O sistema de proteção é muito complexo, e o importante é a sua recuperação rápida. Mas, pelos relatórios do ONS, demorou muito. Algumas áreas passaram seis horas sem energia", analisa.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) afirma que “segue de bandeira verde até o final do ano”. “Não há interferência da interrupção de energia citada nesta estimativa”, diz, em nota.

O ONS não respondeu aos questionamentos até a publicação desta matéria.

POR QUE FOI REDUZIDA A GERAÇÃO DAS ENERGIAS RENOVÁVEIS?

O professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Ceará (UFC) e Cientista Chefe em Energia da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), Fernando Antunes, explica que o ONS tomou essa precaução porque as fontes de energia solar e eólica são consideradas intermitentes.

Ou seja, são instáveis e registram pausas e retomadas ao longo do dia por dependerem de questões climáticas para a sua geração. “A energia intermitente renovável não é despachável (quando há um controle da geração). Por esse fato, tem possibilidades de influência no sistema”, explica.

“Já as energias que vêm da barragem ou das térmicas giram em alta velocidade. Portanto, a medida foi tomada para reduzir a influência no Sistema Interligado Nacional (SIN) da energia intermitente”, completa. Nesse contexto, as térmicas foram acionadas.

Conforme destaca o professor, o próprio ONS diz ser uma medida “conservadora”, considerando que ainda não se sabe a causa do apagão.

ENTENDA COMO FUNCIONAM AS BANDEIRAS

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou nesta terça-feira (22) a abertura de Consulta Pública para discutir a redução dos valores de referência das Bandeiras Tarifárias.

Segundo a agência, caso seja aprovada, a medida será possível graças ao cenário hidrológico favorável, à grande oferta de energia renovável no país e aos alívios verificados no preço dos combustíveis fósseis no mercado internacional.

A proposta é de redução para a bandeira amarela de quase 37%, saindo dos atuais R$ 29,89/MWh para R$ 18,85/MWh. Já para a bandeira vermelha, patamar 1, a proposta é reduzir de R$ 65,00/MWh para R$ 44,64/MWh (queda de 31%) e, o patamar 2, de R$ 97,95/MWh para R$ 78,77/MWh (redução de quase 20%).

Segundo a Aneel, os critérios para definição das bandeiras são: Bandeira verde: condições favoráveis de geração de energia. A tarifa não sofre nenhum acréscimo;

Bandeira amarela: condições de geração menos favoráveis. A tarifa sofre acréscimo de R$ 0,01874 para cada quilowatt-hora (kWh) consumidos;

Bandeira vermelha - Patamar 1: condições mais custosas de geração. A tarifa sofre acréscimo de R$ 0,03971 para cada quilowatt-hora kWh consumido.

Bandeira vermelha - Patamar 2: condições ainda mais custosas de geração. A tarifa sofre acréscimo de R$ 0,09492 para cada quilowatt-hora kWh consumido.

APAGÃO

Ocorrido no último dia 15 de agosto, o apagão atingiu 25 Estados e o Distrito Federal. Sabe-se que houve um problema na linha Quixadá-Fortaleza, mas a causa ainda está em investigação.

No dia do blecaute, o ONS informou que o sistema está sendo operado em “condições mais conservadoras” para garantir a continuidade do atendimento “após a ocorrência de perturbações de grande porte”, até que sejam identificadas e solucionadas as causas das perturbações.

GERAÇÃO DE ENERGIA NO CEARÁ

Geração eólica, solar e térmica (média)14/8: 1.564 MW med
15/8: 929 MW med
16/8: 630 MW med
18/8: 1.208 MW med
19/8: 1.244 MW med
20/8: 1.097 MW med

Eólica (média diária)14/8: 939 MW med
15/8: 461 MW med
16/8: 214 MW med
17/8: 673 MW med
18/08 983 MW med
19/08 1.088 MW med
20/08 860 MW med

Solar (média diária)14/8: 220 MW med
15/8: 68 MW med
16/8: 9 MW med
17/8: 25 MW med
18/08: 224 MW med
19/08: 156 MW med
20/08: 237 MW med


Diário do Nordeste

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