Malhação de Judas: tradição centenária resiste ao tempo e ganha novos significados
A queima do boneco de Judas durante a Semana Santa é uma tradição centenária que atravessa gerações e fronteiras. Com raízes no cristianismo e ressignificada por diferentes culturas, a prática permanece viva em diversas regiões do Brasil e em países de tradição católica, como o México.
Mas, afinal, por que Judas é malhado e queimado no Sábado de Aleluia?
A chamada Malhação de Judas consiste na confecção de um boneco, geralmente feito de trapos, palha ou papel, que simboliza Judas Iscariotes — o apóstolo que, segundo a narrativa bíblica, traiu Jesus Cristo. O boneco é pendurado em locais públicos e, em um ritual coletivo, é espancado, xingado e, por fim, queimado.
Realizado tradicionalmente no Sábado de Aleluia, logo após a Sexta-feira Santa, o ato representa a punição simbólica ao traidor, encerrando o período de luto pela morte de Cristo e abrindo espaço para a celebração da Ressurreição.
Embora carregue um forte simbolismo religioso, a Malhação de Judas também ganhou contornos sociais e políticos ao longo dos anos. Em muitas comunidades, o boneco de Judas representa não apenas o personagem bíblico, mas também figuras públicas, autoridades ou situações que despertaram a revolta popular. É comum ver bonecos com máscaras ou caricaturas de políticos, numa forma de protesto popular irreverente e catártica.
Entre tradição, fé e crítica social, a Malhação de Judas continua sendo um reflexo vivo da cultura popular, adaptando-se aos tempos sem perder sua essência.
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