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Presidente dos EUA

Conclave: Donald Trump quer influenciar escolha do novo papa

Presidente dos EUA almeja pontífice que rompa com gestão do papa Francisco e difunda ideais conservadores para o mundo

Embora a escolha do sucessor do papa Francisco seja uma decisão exclusiva dos cardeais que se reunirão na Capela Sistina, do outro lado do Atlântico — mais precisamente na Casa Branca — uma movimentação política silenciosa tem ganhado força. O governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump, não pretende apenas assistir ao desenrolar dos acontecimentos: quer influenciá-los.

Antes mesmo da morte de Francisco, ocorrida nesta segunda-feira (21), a administração republicana já articulava formas de emplacar no posto um aliado político, alguém capaz de reforçar, com chancela espiritual, a ordem cultural conservadora defendida por Trump.

A avaliação é de que um papa alinhado à postura do governo norte-americano ajudaria a legitimar seus ideais e contribuiria para difundi-los globalmente. A meta é eleger um pontífice que defenda valores religiosos tradicionais e a pauta antiaborto, se oponha ao movimento LGBTQIA+ e apoie o endurecimento das políticas migratórias.

Não é novidade que a postura de Francisco, mais inclinada a pautas progressistas, o colocou em rota de colisão com Trump em alguns momentos. E embora o papa não tenha preparado herdeiros naturais, suas atitudes definiram o perfil que ele gostaria que seu sucessor tivesse.

Segundo o sociólogo Francisco Borba Ribeiro Neto, ex-coordenador do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP, o perfil indicado pelo até então pontífice é de um “progressista moderado, capaz de consolidar as iniciativas de Francisco, mas sem levar a uma ruptura com os atuais descontentes”.

Em análise feita para o portal UOL, o especialista afirmou que a expectativa de Francisco era de que seu sucessor fosse uma “forte oposição ao hiperindividualismo nacionalista, que tem em Trump presidente dos Estados Unidos sua figura mais destacada”.

Embora não possa influenciar diretamente na escolha, o governo Trump vem buscando criar um ambiente de pressão a fim de articular nomes que romperiam com a continuidade da gestão do papa Francisco. Entre os nomes que circulam na Casa Branca e que o presidente gostaria de emplacar está o do cardeal Raymond Burke. Como parte desses esforços, já em dezembro do ano passado, Trump escolheu Brian Burch, grande crítico de Francisco, como embaixador dos Estados Unidos na Santa Sé.

O conclave que definirá quem sucederá o papa ocorrerá na Capela Sistina e tudo o que acontece lá dentro será mantido sob sigilo. Os envolvidos ficam hospedados na Casa Santa Marta de forma reclusa, sem contato com o mundo exterior. Para que um novo papa seja eleito, são necessários dois terços dos votos.

A eleição pode durar dias e, enquanto não houver um consenso entre os cardeais, uma fumaça preta sairá da chaminé do local. Quando o novo papa finalmente for escolhido, a fumaça sairá na cor branca, e o mundo saberá que a Igreja Católica encontrou seu mais novo líder. Restará saber quais são suas convicções políticas e como elas influenciarão a sua administração.

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